Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, pois consigo tal alma está ligada. Mas esta linda e pura semidéia, que, como um acidente em seu sujeito, assim como a alma minha se conforma, está no pensamento como idéia: [e] o vivo e puro amor de que sou feito, como a matéria simples busca a forma. [Read more...]
Análise do poema de Camões ” Transforma-se o amador na cousa amada”
As características da pólis ( madîna) no islã: a visão de Al-Farabi
Abu Nasr al- Farabi foi um filósofo muçulmano de provável origem turca que foi o segundo filósofo de língua árabe depois de al-Kindi a ter como base de seu pensamento a filosofia grega de Platão e Aristóteles. Seu livro sobre a Política apareceu no mundo islâmico no século X quando a Europa ainda estava longe de fazer semelhante debate sobre os regimes políticos e as cidades. As reflexões de Al-Farabi estão contidas no seu livro Kitâb Al- Siyâsa Al- Madaniyya. Nele há um início que fala sobre a constituição dos seres de acordo com a filosofia aristotélica. A causa primeira e as causas segundas, assim como o intelecto agente são definidos por Al-Farabi, O intelecto agente é chamado por ele de Espírito Santo, sendo que essa terminologia também seria usada por Avicena mais tarde. A forma e a matéria são explicadas à maneira da filosofia grega como ato e potência. “Quando não existem formas, a existência da matéria é vã”. A matéria é o princípio e a causa, mas existe para sustentar a forma. Al-Farabi explica isso pela visão: essa é a substância, o olho é a sua matéria e a maneira como vê é a sua forma. Toda a cosmografia desse filósofo é tirada de Aristóteles e Ptolomeu. Os corpos celestes que influenciam a vida aqui na Terra, a política e a cidade. Determinada localização favorece uma cidade com mais ou menos liberdade e com essas ou aquelas características. Toda essa introdução é necessária, pois Al-Farabi não diferencia sua filosofia de sua política. Influenciado pela filosofia grega e bem pouco muçulmano nesse aspecto, Al-Farabi define a felicidade como o bem absoluto. Nessa parte a filosofia política de Aristóteles e Platão se alternam na mente do filósofo turco. Ele aceita a definição do homem como animal político e que se une para alcançar o maior bem para si e para sua comunidade. Agora vamos partir para as cidades.
Resenha das Confissões de Santo Agostinho
“Tarde te amei…”
As confissões de Santo Agostinho foi o primeiro livro de filosofia que eu estudei mais profundamente, isso ainda na minha juventude, e esse fato me marcou profundamente. Essa autobiografia nos faz reviver e refletir sobre a vida de falsos caminhos e pecados de Agostinho. Seu desenvolvimento intelectual, a relação com seus amigos e com sua fantástica mãe- santa Mônica- podem nos servir como exemplo vida. É claro que alguns dos pensamentos de Santo Agostinho sobre sua vida pecadora são exagerados, como quando ele fala sobre seus maus pensamentos quando criança, sua sexualidade de jovem e a relação com uma mulher que ele não nomeia, parecem-nos ingênuos nos dias de hoje. É muito mais interessante a história de sua vida de estudante e sua adesão ao maniqueísmo.
Resenha da Introdução ao estudo de Santo Agostinho, de Étienne Gilson
Étienne Gilson foi um filósofo da tradição tomista e um dos maiores historiadores da filosofia patrística e medieval. Nessa ótima introdução ao pensamento de Santo Agostinho, Gilson faz um pequeno resumo de algumas das principais características da “filosofia” do santo. Filosofia está entre aspas porque o próprio Gilson reconhece que o pensamento de Agostinho é difícil de ser definido como uma filosofia. Complexa e inacabada, a obra de Santo Agostinho inspirou toda a Idade Média e filósofos modernos desde Descartes até Heidegger.
Resenha de O Presidente segundo o Sociólogo, uma entrevista com Fernando Henrique Cardoso
O intelectual que mudou o país, Fernando Henrique Cardoso deu essa série de entrevistas a Roberto Pompeu de Toledo no final de 1997. Nesse livro, nosso ex-presidente fala sobre o Brasil-sua história e sociedade-, sobre sua família e questões que ainda hoje estão em debate no nosso país como a política sobre cotas, drogas e o tamanho do Estado. [Read more…]